Colunista

Mariana Crego

Arquiteta e Urbanista.

Integridade e blush orgânico: the new black!

Mariana Crego 10/09/2018

Que grupo de palavras você mais ouviu nos últimos tempos?
1- Corrupção, roubo, assaltos, insegurança, doenças, câncer… OU
2- Orgânicos, saudável, natural, cruelty-free (sem testes em animais), integridade, transparência?

Eu ouvi muito das duas opções e enquanto a primeira parece um fundo de poço sem volta, a segunda traz toda a esperança que precisamos para acreditar que esse fundo de poço, na realidade é a base para a escalada do novo momento de mudanças pelo qual estamos passando.

Um novo modelo econômico entitulado ‘Capitalismo Consciente’, está ocupando cada vez mais espaço no mercado, com empresas que cansaram de assistir sentadas a falta de consciência e resolveram agir, transformando seus sistemas internos.
O que é Capitalismo Consciente e como funciona? São empresas cujos valores se baseiam em transparência, honestidade, integridade e esperança, e nas quais sustentabilidade é um ingrediente essencial, presente do começo ao fim, com o objetivo de desenvolver performance com a correta mentalidade.

Essas empresas possuem em seu cerne, um propósito existencial que se baseia em: motivo de sua existência; como atuam; que diferença fazem no mundo. Elas mapeiam seus impactos, procuram diariamente por novas soluções e tem uma equipe multifuncional, onde o engajamento é total e melhorar a cada dia, focadas em seus propósitos, é o maior objetivo.

Além disso, elas acreditam que a proximidade com a natureza é a chave para a evolução, e para isso, se utilizam dos estudos de biomimética. E o que seria a biomimética? É um estudo que acredita que durante os 3.8 bilhões de anos da Terra, a natureza aprendeu o que funciona e o que não funciona para o planeta, sendo um grande laboratório de testes, que nos entrega agora todos os resultados do que deu certo. Assim sendo, estudaríamos e aprenderíamos as estruturas, formas e processos existentes hoje e traduziríamos para cada tipo de negócio, afinal, independente do nosso avanço tecnológico, a teia de aranha ainda é 5x mais forte que o metal e a concha, 2x vezes mais resistente do que qualquer cerâmica já produzida pelo homem. É no mínimo de se pensar…

Mas e o que o blush tem a ver com isso? Dentre o boom de empresas baseadas nesse sistema, temos visto muito as de cosméticos, que são naturais, orgânicas, veganas e cruelty-free (sem testes em animais), e que ainda utilizam embalagens especiais por conta de reciclagem. Elas focam na problemática de proteger a pele da poluição e ao invés de nos darem a beeela oportunidade de usar rímel a base de petróleo em nossos delicados olhos, fornecem rímel a base de óleo de rícino, por exemplo, que é natural e ainda hidrata os cílios. O blush vem com óleo de jojoba, o batom, com cera de carnaúba e por aí vai. Pode soar estranho e ultrapassado, mas não se engane, não são produtos meramente caseiros. Elas possuem um grande laboratório científico por trás que possibilita a grande performance desses itens em nossa pele, além de um sistema complexo que envolve desde a plantação desses ingredientes, focada no desenvolvimento de comunidades nos arredores e em agrofloresta, rastreamento dos ingredientes orgânicos, para que não sejam contaminados por plantações vizinhas não orgânicas, e metas extremamente altas e rigorosas.

Eu particularmente tinha um pé atrás, achando que era algo muito simples e sem resultado, mas fiquei impressionada com a complexidade e integridade de seus modelos de negócios.
Como diria o grande Buckminster Fuller, um dos maiores designers e cientistas da biomimética de ano atrás, ‘poluição não é nada além de recursos que não sabemos usar. Nós permitimos que ela se disperse, pois somos ignorantes sobre seu valor.’

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