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Dos cosméticos aos medicamentos
13/04/2023Dermatologistas alertam que tratamento da acne deve ser feito o quanto antes para evitar impactos na autoestima e que as lesões se tornem cicatrizes.
Apesar de ser uma doença de pele, a acne está intrinsecamente relacionada com a depressão. Diversos estudos já constataram que grande parte dos pacientes sofrem com problemas de autoestima. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a doença afeta 80% dos brasileiros entre 15 e 25 anos, mas fatores genéticos, hormônios e alimentação podem levar ao surgimento das temidas “espinhas” em qualquer idade. “Inclusive, nos últimos 20 anos, aumentou – e muito – o número de mulheres com mais de 25 anos de idade com acne no Brasil. Atualmente, 40% das mulheres adultas acima de 25 anos têm acne! Portanto, na vida adulta, a acne é muito mais frequente nas mulheres do que nos homens (são 3 mulheres afetadas para cada homem na idade adulta)”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “A acne, apesar de não envolver maiores riscos para a saúde sistêmica do organismo, tem um impacto psicológico significativo, mesmo quando leve, e afeta a qualidade de vida do paciente e a autoestima, além de poder gerar quadros de ansiedade e até depressão. Por isso, não deve ser subestimada e sempre deve ser tratada”, acrescenta a médica. Abaixo, selecionamos algumas dicas do que é efetivo para controlar as lesões:
Medicamentos tópicos e orais: O tratamento tópico mais recente com comprovação científica para controle de acne moderada à severa, prevenção e redução das cicatrizes atópicas e boa tolerância pelos pacientes é a associação de adapaleno com peróxido de benzoíla, segundo a dermatologista. Essa associação é encontrada em alguns géis de venda livre em farmácia, mas a orientação do dermatologista é fundamental. No caso dos medicamentos orais, a Dra. Paola explica que o tratamento curativo para casos severos continua sendo o tratamento via oral com isotretinoína, que reduz a glândula sebácea a fim de inibir a produção de sebo.
Skincare: O primeiro passo é a limpeza da pele com produtos com ácido glicólico, com ação esfoliante, ou o salicílico. “O ácido salicílico é muito utilizado para o tratamento da acne porque auxilia no controle da oleosidade e no tamanho dos poros”, diz a dermatologista Dra. Cintia Guedes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Logo depois vem a hidratação. “A pele com acne apresenta um defeito intrínseco na barreira cutânea: alteração da produção de ceramidas. E por isso, quando não hidratada, apresenta ressecamento e maior inflamação, piorando a acne. Portanto, devemos hidratar a pele independente da acne, com produtos específicos para pele oleosa e/ou acneica. Assim, a barreira cutânea é reestabelecida e, diferente do que se acreditava antes, a pele acneica hidratada apresenta maior melhora da acne quando tratada”, diz a Dra. Paola. Quanto à proteção solar, uma verdade inconveniente é que o filtro solar pode piorar a acne, mas isso acontece no uso de produtos inadequados. Mas deixar de usar o protetor solar não é uma opção: “Quem tem acne tem mais chance de manchar a pele, mesmo sem cutucar as lesões. A própria espinha causa uma inflamação na pele, que pode resultar em uma mancha escura com a exposição solar”, diz a Dra. Cintia. “Alguns protetores são muito cremosos e oleosos e formam uma barreira na pele, dificultando a saída da secreção sebácea. Se a glândula sebácea fica cheia, ela pode inflamar, causando os cravos e as espinhas. Consulte um dermatologista para saber qual o melhor protetor solar para você”, explica a dermatologista Dra. Cintia Guedes. “A pele oleosa tem maior chance de ter acne. Se o protetor solar tem controle de oleosidade, com sílica, por exemplo, a pele fica mais seca ajudando no tratamento”, acrescenta.
Máscaras: Controlar a oleosidade da pele é fundamental para quem tem acne e essa é uma tarefa que pode ser efetiva com o uso de máscaras. “O carvão ativado é um poderoso ingrediente de origem mineral que possui uma série de propriedades benéficas para a saúde e beleza da pele do homem, como controle e absorção da oleosidade e eliminação das células mortas da superfície da pele e do interior dos poros. Quando esse ativo está em uma máscara facial, que fica mais tempo em contato com a pele, como é o caso da Máscara Black Rednek, o produto também previne e remove cravos e reequilibra a saúde do tecido cutâneo, assim garantindo brilho e maciez à pele”, diz Ana Paula Kasher, diretora comercial da B.URB. “Essa máscara também traz colágeno em sua composição, que possui propriedades hidratantes e condicionantes da pele. Dessa forma, o carvão também confere propriedades clareadoras da pele, contribuindo para a uniformização do tom da pele”, explica.
Suplementação para controle da inflamação: Segundo a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos, é comum o quadro de acne também estar relacionado à inflamação no intestino, principalmente pela dieta e estado emocional e nervoso do paciente. “Nesse caso, a suplementação com Fosfolipídeos de Caviar (F.C Oral), rico em ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) ômega 3 (DHA e EPA), Astaxantina e vitamina E, atua diminuindo a produção de sebo, por sua ação na glândula sebácea, além de diminuir a inflamação e também formar uma barreira epidérmica íntegra e hidratada, uma vez que a acne e alguns tratamentos sistêmicos promovem um ressecamento da pele e uma perda transepidérmica de água”, explica a farmacêutica, que destaca que a suplementação também pode contar com probióticos orais associados e Glycoxil, um peptídeo que irá auxiliar na diminuição do açúcar no sangue.
Ajuda de consultório: “Em termos de tecnologias, foi aprovado recentemente nos Estados Unidos, pelo FDA, o primeiro laser que trata a acne leve a grave. Esse laser tem como alvo o ‘sebo’. O nome desse laser é Aviclear. Ele tem como alvo o sebo da glândula sebácea e o laser suprime seletivamente a glândula sebácea e elimina a acne. Ainda não há previsão de quando esse laser chegará no Brasil”, destaca a médica. Por enquanto, há tecnologias adjuvantes que podem ser usados. Uma opção é Derma Shower, um tratamento de plasma frio que capta oxigênio do ar ambiente e o converte em ozônio e pode ser usado para acne, pois tem propriedades bactericidas e bacteriostáticas (impede o crescimento das bactérias), o que colabora para o tratamento da acne, segundo o Dr. Abdo Salomão Jr., dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Outra ajuda pode vir do procedimento de hidrodermoabrasão do HydraFacial, capaz de limpar os poros sem machucar, ajudando a tratar a acne em sessões de 30 minutos. Segundo estudo publicado no Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology, a tecnologia HydraFacial é capaz de contribuir para a melhora da acne leve e moderada, com 100% dos pacientes apresentando pele mais limpa e menos inflamada após uma série de tratamentos com a exclusiva tecnologia Vortex-Fusion combinada à aplicação de LED azul, que possui ação bactericida. “O Vortex-Fusion®️ é uma tecnologia patenteada do HydraFacial que gera um efeito de vórtice para expelir e remover facilmente as impurezas da pele enquanto confere hidratação, o que é o principal ponto para diferenciar a experiência de uma microdermoabrasão ou limpeza de pele – que cutucam, lesionam e fazem a pele arder. Hydrafacial, pelo contrário, não machuca, não resseca, não tem tempo de inatividade. É um procedimento completamente indolor”, afirma a dermatologista Dra. Mônica Aribi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Para quem já sofre com cicatrizes de acne, a tecnologia do Eletroderme, uma radiofrequência microagulhada, pode ser indicada segundo o Dr. Abdo. “As microagulhas ultrapassam a primeira camada da pele e liberam radiofrequência profundamente, para estimular colágeno e refazer as fibras rompidas pela acne”, diz o Dr. Abdo.
Como diferentes fatores influenciam para a escolha de um tratamento tópico ou sistêmico, é fundamental consultar um médico. “A alimentação e os hábitos de vida influenciam a acne e devem ser incentivados: evitar dieta rica em alimentos com alto índice glicêmico e laticínios, tabagismo, exposição excessiva aos raios solares e cosméticos inadequados para pele oleosa e acneicas”, finaliza a Dra. Paola.
FONTES:
*DR. ABDO SALOMÃO JR: Doutor em Dermatologia pela USP (Universidade de São Paulo). É sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Membro da American Academy of Dermatology (AAD), Sociedade Brasileira de laser em Medicina e Cirurgia e do Colégio Ibero Latino Americano de Dermatologia. Professor universitário, Dr. Abdo Salomão Jr. ministra aulas nos principais congressos nacionais da especialidade. Além disso, já deu aulas na Austrália, Itália e Coréia do Sul. É uma referência em conhecimento de lasers e tecnologias para fins dermatológicos e estéticos. Diretor da Clínica Dermatológica Abdo Salomão Junior. Instagram: @drabdosalomao
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. Instagram: @drapaoladermatologista
*DRA. CINTIA GUEDES: Dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, a médica é pós-graduada em Dermatologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, além de ter feito especialização em Medicina Estética pelo Instituto Brasileiro de Ensino (ISBRAE). CRM 124.447/RQE 61940 Instagram: @cintiaguedesdermatologia
*PATRÍCIA FRANÇA: Farmacêutica e gerente científica da Biotec Dermocosméticos.