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A paixão que corre no sangue

Por Redação 22/09/2019

Célula mater da sociedade, a família, sem sombra de dúvidas, também é a base do êxito profissional de um empresário bem sucedido. Centrado e com foco, Carlos Eduardo Pires de Campos tem na autoconfiança seu principal trunfo, e na família seu alicerce.

O melhor cheiro é o da mãe, a viagem inesquecível é com os filhos, o lugar mais lindo é onde o pai nasceu. Com essas respostas na ponta da língua, fica fácil estabelecer a ligação familiar que corre no sangue de Carlos Eduardo Pires de Campos, biomédico e diretor e idealizador do Laboratório Cellula Mater, fundado há 27 anos. Hoje com seis unidades próprias do laboratório, Carlos ainda lidera equipes que prestam serviço de análises clínicas para mais de 23 empresas. Reflexo do êxito profissional, esta importância que o empresário dá à família tem a ver com a estrutura unida do lar em que cresceu, no qual seu pai e mãe sempre foram excelentes referenciais que viveram juntos como um casal por 33 anos e distribuíram bons exemplos. O maior deles é a capacidade de se envolver: “Meu pai era um comerciante, agregador. Nossa base sempre foi assim, ser pessoas que se envolvem”, afirma o empresário.

Quando fala em envolvimento, o biomédico não está se referindo apenas ao cuidado com o outro – comum no ramo de saúde. “Eu sou um cara centrado, tenho foco. Sei o que vou fazer em 2022 e o que pretendo. Em 2015, eu sabia o que queria fazer em 2020 e sempre foi assim. E penso que essa é uma questão de educação”, diz. Envolver-se com a profissão que escolheu sempre foi a receita para o crescimento de Carlos Eduardo Pires de Campos. É dessa forma que seus passos selam o destino. “Quando eu era criança, queria ser o que sou hoje, a minha brincadeira predileta era ficar com vidrinhos misturando coisas com água. Meu presente mais legal foi com 10 anos, quando um primo da minha mãe me deu uma seringa de vidro. Eu queria ter uma seringa, desde pequenininho”, diz o biomédico. Resumindo? Já estava no DNA.

No degrau seguinte de sua vida, Carlos seguiu seus instintos e, com uma tendência para a área de Biologia, quis prestar Medicina. Mas ficou sabendo do curso de Biomedicina, que só estava em sete faculdades naquela época. Aos 18 anos, então, ingressou na faculdade localizada em Araras, interior de São Paulo, e pertencente ao campus da UNICAMP (Universidade de Campinas). “Na época era tudo feito na mão e muito voltado para área de análises clínicas, então eu seria o profissional que entenderia do exame de sangue… Hoje o processo está quase todo automatizado, com muitas máquinas, mas se faz necessário saber fazer o manual. Atualmente, o biomédico atua em 37 áreas diferentes, dentre as quais análises clínicas”, afirma. Dentro do processo de análises clínicas, esse profissional colhe, processa, faz o exame de sangue, além de dar o resultado e assinar o laudo. Mais recentemente, o profissional biomédico está habilitado para trabalhar na área de fisiologia do esporte e estética.

O empresário acompanhou todas as mudanças da profissão, enquanto desejava com afinco ter seu próprio negócio. E para isso, não economizou energias para conseguir o que queria: tornou-se estagiário na Escola Paulista de Medicina e lá fazia plantão, era voluntário e trabalhava mais de 18 horas por dia. Depois de se formar, chegou a ter quatro empregos ao mesmo tempo, todos em São Paulo. “Minha meta principal nessa época era ter um laboratório de análises clínicas próprio.” Por meio do seu esforço, finalmente conseguiu – e perto de onde nasceu. “Em 1992, abri um laboratório em São Vicente. Minha mãe nasceu lá, a família Pires era de lá, e eu tinha laços com a cidade. Por que o nome Cellula Mater? Justamente por eu ter aberto em São Vicente, que é considerada a célula mater de nossa nacionalidade”, afirma o biomédico. “Eu coloquei o nome por ter aberto em São Vicente, mas depois abrimos em Santos e hoje temos seis unidades próprias em Santos (em dois endereços), em São Vicente, Praia Grande, Cubatão e Osasco. Além disso, estou em mais unidades onde presto serviço, dentre elas quatro que funcionam 24 horas, dentro dos Hospitais Frei Galvão, São Lucas, Infantil Gonzaga e dos Estivadores”, diz.

O laço familiar perdurou sólido, de forma que a esposa e a irmã Fátima foram alunas

Celulla Mater conta com 150). A paixão pela profissão, que corre em suas veias, fez o negócio se expandir para São Paulo, onde atua em pontos de atendimento da Trasmontano. “São clinicas médicas da Trasmontano, mas a especialidade laboratório quem atende somos nós.” Além disso, da Baixada saíram outros laboratórios: em 2001, juntamente com a esposa, abriu o Instituto de Biomedicina do ABC, que funciona em São Caetano do Sul; em 2007, compraram o laboratório Biolab, com sede em Rio Grande da Serra; em 2012, adquiriram o Lacip, laboratório de análises do interior paulista, que funciona hoje em Cabreúva. “Estamos começando as atividades no Labpoc, primeiro laboratório point of care, que são exames feitos antes da consulta médica para ficar prontos em 15 minutos. Então quando você entra na consulta, o médico já tem sua situação atual: como você está agora, se a ureia ou a glicose estão altas, por exemplo.” Carlos entrou em contato com essa inovação no ano passado em um estágio no Hospital de Salt Lake, no Canadá, já que lá a triagem do paciente para saber o nível de urgência já compreende esses exames. “Aqui em Santos já fazemos alguns exames de point of care no Hospital dos Estivadores, na beira de leito. Você leva a máquina até lá e já dá os exames na mão do médico. Hoje é tudo pra já, e esse conceito propicia que em 15 a 12 minutos o exame esteja nas mãos do médico já com o laudo”, diz.

Sempre investindo e trazendo novidades nesse mercado que a cada dia tem um exame novo, Carlos é mais ligado na área de inovação, tecnologia, expansão e relacionamento, e destaca

que a evolução deve ser constante. “Já consegui trazer para Santos um exame sobre um mapeamento de uma possível intolerância alimentar que o paciente tem ou não. Então eu coloco o sangue coletado dela em contato com 216 tipos de alimentos e vou saber se ela é alérgica ou não a algum tipo de alimento”, diz. Outra novidade é o teste da bochechinha, em que se passa um algodão na bochecha da criança de até 120 dias de vida e, então, é feita uma pesquisa de até 287 doenças que essa criança pode vir a ter. “Para ver como a coisa mudou, hoje você pode fazer um simples exame para saber seu tipo de sangue ou se você pode ter uma propensão a uma possível patologia daqui a cinco anos, 10 anos, 15 anos”, ressalta o empresário, que não deixa de citar a biologia molecular, em que tudo é feito através da pesquisa do DNA.

Ainda falando sobre mercado, o biomédico lamenta os entraves em nosso país que impedem muitos avanços na área. “As agências regulatórias tem que entender que quando se fala de saúde é tudo pra ontem. Então não pode por exemplo um processo de liberação de uma máquina demorar um ano para ser aceita ou não”, afirma. “Esse ano eu já estive em Dubai e na China, no ano passado na Alemanha, e vi exames fantásticos. Tem por exemplo um exame para a mulher saber se está ovulando ou não. Ela faz o teste para saber se está ovulando naquele dia e se tiver uma relação sexual no dia, a possibilidade de engravidar aumenta muito. Se tivesse esse exame aqui, ajudaria muitas mães”, diz. Carlos diz que já existe um exame, por exemplo, que pela urina da mãe é possível saber o sexo da criança. “Outro exame, para você saber se a pessoa está com Chicungunha, fica pronto em 4 minutos, mas a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) precisa aprovar também”.

Além disso, outro entrave que impede o Brasil de receber muitas inovações é o fato de essas máquinas novas terem impostos altíssimos. “Às vezes, a máquina vira o dobro por conta das taxas de importação somadas aos impostos. Acho que para equipamentos comprovadamente para o usuário final, deveria ter mais facilidade de impostos essa máquina vir mais fácil, com isso abriria uma evolução na área de saúde”, deseja.
Com o mesmo perfil agregador do pai, Carlos defende que todos devem ter direito à realização de exames. “Atendo classe A, B e SUS. E não tem diferença onde eu faço esse exame, porque o exame tem que ter qualidade. Sangue é sangue, não interessa de quem é o tubo, tem que ser feito com qualidade. Existem laboratórios aqui no Brasil em que os exames de convênio são feitos em um lugar e o do SUS é feito em outro; eu não faço isso”, afirma. “Tenho a empresa que atende o SUS e tenho empresa que atende classe A, mas a técnica, o reagente são os mesmos. Você tem que ter o que? Qualidade”, afirma.

Envolvido com o bem-estar social das pessoas, o biomédico acabou de completar seu doutorado na Argentina e a tese é “A importância do exame laboratorial na saúde pública”. “Então existem vários exames que se fossem feitos antes não teríamos tantos gastos na saúde pública. Um paciente mal tratado durante a vida dá um custo de 33 mil dólares aos cofres públicos, isso é comprovadamente calculado, e para se ter uma ideia um exame de glicemia custa menos de R$ 5,00. Se isso estivesse ao alcance de todos poderia ser tratado antes e não virar um diabético”, lamenta. “Outro exemplo é um paciente ter uma cirurgia marcada e os exames pré-cirúrgicos ficarem prontos após a data marcada da cirurgia. Como eu vou fazer a cirurgia se o exame, que vai dizer se devo fazer ou não, fica pronto após a data marcada para a operação?”, questiona.

Apesar de ter facilidade em lidar com as pessoas, o empresário admite a importância dos gerentes, gestores e sócias nesse quesito. “Minha irmã tem muito mais facilidade no trato com as pessoas do que eu,

então ela acompanha mesmo a vida do paciente que faz tratamento. Nós lidamos com uma empresa de saúde, e acabamos acompanhando alguns pacientes que tem doenças como câncer, HIV. Então essa humanização é importante”, diz o biomédico. E isso ele passa adiante aos seus colaboradores. “As pessoas que vem aqui não são um exame e um nome. Nós sabemos a história, pois se você tiver um atendimento humanizado é muito mais fácil. E a grande vantagem é essa. Se estamos fazendo uma análise e observamos que este exame pode alterar outro, que não está no pedido, vamos fazer para ver se alterou os outros exames. Tem esse aspecto da pesquisa para ver o que o paciente realmente tem”, diz ele, lembrando que 90% do atendimento é convênio, então é um processo truncado. “Você só pode atender o que está na guia, mas mesmo assim temos um pouquinho de pesquisa clínica e muitas vezes fazemos, ainda que não esteja na guia, mesmo sabendo que sem autorização do plano não vamos receber, mas todo mundo tem que ter acesso a exames. Tem exames de todos os valores, alguns custam R$ 2,00 e têm que ser feito, mas não são”, diz.

Com relação aos projetos futuros, Carlos Eduardo Pires de Campos pretende: expandir o laboratório para o município de Guarujá, com sede própria; construir uma unidade em Vicente de Carvalho; e o Cellula Mater Kids. “Vamos criar uma unidade exclusivamente infantil, onde as flebotomistas (as profissionais que fazem a colheita de sangue) são especialistas no público infantil e essa criança vai encontrar um ambiente lúdico para poder fazer a coleta”, planeja. “Outro projeto é o labexpress, com exames e resultados feitos na hora. E o ano que vem o Cellula Pet para atender o veterinário”, programa. Com a paixão correndo em suas veias e a ajuda da base familiar, Carlos sabe que o sucesso na área será cada vez maior.

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