Saúde & Estética
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Olimpíadas: Djokovic é ouro em Paris
05/08/2024Com 72 títulos no tênis profissional, Djokovic descobriu intolerâncias alimentares (glúten e lactose) e, assim que mudou a dieta, passou a ganhar mais troféus.
Nenhum tenista ganhou tantos títulos quanto Novak Djokovic. São 24 títulos de Grand Slam, 7 ATP Finals, 40 Masters 1000 e um título olímpico com a medalha de ouro de ontem após vitória sobre o espanhol Carlos Alcaraz. Mas um fato sobre a vida do atleta é curioso: sua dieta. “No caso específico de Novak Djokovic, ele é conhecido por ter adotado uma abordagem rigorosa em relação à sua dieta, eliminando o glúten, a lactose e até mesmo evitando tomates devido a uma leve sensibilidade. Embora não seja incomum que atletas profissionais sigam dietas restritivas para otimizar seu desempenho, é importante notar que as necessidades nutrológicas podem variar de pessoa para pessoa”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez. “Cada pessoa reage de maneira diferente à intolerância ao glúten. Alguns atletas podem ter sintomas graves, enquanto outros podem apresentar apenas sintomas leves. A eliminação de certos alimentos pode ser benéfica apenas para os que são intolerantes ou sensíveis a eles, como no caso de Djokovic”, acrescenta a médica.
Embora esse pareça o segredo do jogador, é importante destacar, segundo a médica, que a relação entre a dieta e o desempenho esportivo é complexa e multifatorial. “Além de fornecer a energia necessária, uma dieta equilibrada pode afetar a recuperação, a resistência, a força e a saúde geral. No entanto, é crucial destacar que a dieta é apenas uma parte do quadro geral de preparação física. Outros fatores, como treinamento físico, descanso adequado, gestão do estresse e genética, também desempenham papéis fundamentais no desempenho esportivo. Além disso, cada pessoa é única, e o que funciona para um atleta pode não ser apropriado para outro”, comenta. E a individualização é a chave: “Não há uma única fórmula mágica para o sucesso esportivo, e a individualização é crucial ao desenvolver planos dietéticos e de treinamento para atletas. Consultar médicos especializados é essencial para garantir que as necessidades de cada atleta sejam atendidas de maneira adequada e saudável”, diz a médica nutróloga.
No começo da carreira, Novak Djokovic, quando ainda ingeria glúten, tinha apenas um título de Grand Slam e relatava problemas de respiração. Não era incomum que abandonasse partidas. “É possível que a intolerância ao glúten, especialmente se acompanhada de outros sintomas gastrointestinais, possa contribuir para problemas respiratórios em alguns casos. Embora a relação direta entre intolerância ao glúten e problemas respiratórios não seja tão comum quanto os sintomas gastrointestinais, existem alguns mecanismos pelos quais isso poderia ocorrer. A intolerância ao glúten pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica no corpo. A inflamação crônica pode afetar diferentes sistemas, incluindo o respiratório. A inflamação nos pulmões pode levar a sintomas como dificuldade respiratória, tosse e outros problemas respiratórios. É importante ressaltar que, embora exista essa possibilidade, outros fatores também podem contribuir para problemas respiratórios em atletas, como a intensidade do treinamento, exposição a alérgenos ambientais, condições ambientais e predisposição genética”, comenta a Dra. Marcella Garcez. “No caso específico de Novak Djokovic, se ele experimentava problemas respiratórios no início de sua carreira e encontrou melhora após modificar sua dieta para excluir o glúten, isso sugere que a intolerância ao glúten pode ter desempenhado um papel nos sintomas que ele estava enfrentando naquela época”, acrescenta.
Outro problema do tenista foi a intolerância à lactose que, segundo a médica, pode ter impactos no rendimento de um atleta de alto desempenho, especialmente se não for gerenciada adequadamente. “A lactose é o açúcar encontrado no leite e em produtos lácteos, e a intolerância à lactose ocorre quando o corpo não produz suficiente lactase, enzima necessária para digerir a lactose, o que pode afetar o rendimento atlético por causa de alguns fatores, provocando sintomas gastrointestinais (desconforto abdominal, gases, inchaço e diarreia), perda de líquidos e desidratação (em virtude da diarreia) e resposta inflamatória. “Os produtos lácteos são uma fonte significativa de cálcio, vitamina D e proteína de alta qualidade. Se o atleta não conseguir substituir esses nutrientes por meio de outras fontes, pode haver impacto na saúde óssea, recuperação muscular e desempenho global”, diz a Dra. Marcella.
Por incrível que pareça, até o tomate causa sensibilidade no atleta. “A sensibilidade alimentar ao tomate não é tão comum quanto a intolerância ao glúten ou à lactose, mas pode ocorrer em algumas pessoas. As sensibilidades alimentares são reações adversas aos alimentos que não envolvem o sistema imunológico da mesma maneira que as alergias alimentares, mas ainda podem causar sintomas desconfortáveis. A sensibilidade ao tomate pode ser causada por vários motivos, e os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Uma das causas é a histamina, uma substância naturalmente presente em alguns alimentos. Algumas pessoas podem ser sensíveis à histamina e experimentar sintomas como dores de cabeça, rubor facial, congestão nasal e problemas gastrointestinais. Os tomates também são naturalmente ácidos, e isso pode causar desconforto em pessoas propensas a problemas gastrointestinais, como refluxo ácido ou sensibilidade estomacal. Algumas pessoas podem ter uma sensibilidade específica a certos compostos encontrados no tomate, como a solanina. Isso pode levar a sintomas digestivos, como desconforto abdominal, inchaço ou diarreia”, explica a médica. “Embora não seja uma intolerância no sentido clínico, algumas pessoas podem ter dificuldade em digerir certos componentes do tomate, como os açúcares ou fibras, resultando em desconforto gastrointestinal”, completa.
Por fim, a médica reforça que ninguém deve seguir as dietas restritas de atletas – ainda mais no caso de atletas que têm sensibilidades ou alergias. “Também é importante destacar que a sensibilidade alimentar não é o mesmo que uma alergia alimentar. As alergias alimentares envolvem uma resposta imunológica do corpo a uma substância específica, enquanto as intolerâncias alimentares são reações adversas que não envolvem o sistema imunológico de maneira tão intensa. Tanto as intolerâncias quanto a alergia são condições reais, mas diferem em termos de mecanismos imunológicos envolvidos e impacto no corpo. Se alguém suspeita ter uma dessas condições, é importante procurar a orientação médica para um diagnóstico adequado e uma conduta apropriada”, finaliza a médica nutróloga.
FONTE: *DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez