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Um Paraíso de Sabores

Por 01/03/2013

Conheça a história de uma das mais sólidas casas de importados de Santos: o Laticínio Marcelo, uma empresa familiar que sempre investiu em inovação para conquistar novos clientes

por: Guilherme Zanette
fotos: Cristiano Domingues

São 27 anos de história, mas a robustez do Laticínio Marcelo está sustentada sobre um pilar de base bem forte: a família. Hoje com status de empório, o espaço vem se desenvolvendo graças a visão empreendedora do proprietário Marcelo Gil Figueira e de sua família: do pai Manuel, da mãe Deolinda, da esposa Rosana e da irmã Maria Inês. “A criação do Laticínio Marcelo surgiu de uma sociedade entre eu e meus pais. Nós sempre tivemos comércio na feira: eu tinha com minhas irmãs uma barraca de roupas e meu pai uma no ramo de laticínios. E montamos uma loja com 12 metros quadrados no Super Centro Boqueirão em 1986”, relembra.

Na época com 18 anos, Marcelo conta que a aposta dos pais em criar uma sociedade com ele se deveu a toda dedicação que o jovem demonstrou desde a época da feira. O nome Laticínio Marcelo, na verdade, foi a terceira opção dada pelos donos. “A contabilidade pediu três nomes. Sugerimos Laticínio Gil, Laticínio Boqueirão e Laticínio Marcelo. Os dois primeiros já tinham sido usados”, relembra. “Então, tudo foi focado no meu nome, mas meus pais sempre estiveram por trás.”

Mesmo hoje sua loja não sendo só um laticínio, Marcelo argumenta que não há necessidade da mudança do nome, uma vez que os clientes já estão bem familiarizados com a casa e sabem que é uma casa de importados que desenvolve um trabalho interessante na área de enogastronomia. E essa foi uma característica que sempre fez com que a empresa familiar se mantivesse estruturada (nesses 23 anos dentro do Super Centro Boqueirão e quatro anos na Lobo Viana, além dos 17 anos da KM52 do Shopping Parque Balneário): a inovação. Segundo o proprietário, desde 1986 a empresa precisou disso para se diferenciar. “De 1986 a 1990, os comércios estavam formigando em laticínios. Em cada esquina, abria uma portinha para venda de queijo. E a maioria delas não se firmou. Porque não inovaram. Olhamos, ficamos antenados no mercado, adaptamos vinhos, bebidas, importados e um leque de variedades. Nisso, criou-se uma personalidade”, argumenta.

Falando em variedade, vamos aos números expressivos da casa. São mais de 1500 rótulos de vinhos, fora champanhe, fortificantes e destilados. “Com o crescimento atual da casa, eu não sei o que aumentou, mas acredito que possa ter crescido de 15 a 20%. Mas eu preferia ficar falando em 1500 rótulos”. Já na parte de comestíveis, a variedade é de mais de três mil itens, alguns deles introduzidos no mercado santista pelo empório: alho negro, frutos mexicanos, tailandeses e libaneses. “A tradicional gastronomia portuguesa a gente já tem, e a globalização faz com que a gente crie variedades com nacionalidades diferentes. A culinária se enriqueceu muito, as especiarias cresceram demais.

Nem tudo dá sucesso. E às vezes a gente se frustra por querer colocar o produto no mercado e não ter continuidade”, conta. E pontua: “Se somado tudo, acho que passaria dos cinco mil itens em variedades. E esse é um número grandioso. E você tem que alimentar essa engrenagem. Eu nunca consegui aumentar grandiosamente a minha loja porque eu precisaria de reforço e sustentação de estoque e armazenamento. Não adianta vender um vinho e depois não ter mais. Eu prezo por esse lado porque sempre procurei dar estrutura à minha casa. E a pessoa quer retirar o produto na loja: amanhã é outro dia, então tem que ter na hora”, explica.

Apesar disso, a casa passou recentemente por uma reestilização e ganhou novos espaços. “Hoje eu estou fazendo uma casa para perpetuar pelo menos mais 27 anos. Todo o investimento que estamos fazendo nesses últimos 10 anos é com vista a fazer o mercado engrenar”, argumenta.

Com grande conhecimento em vinhos, Marcelo faz vários cursos, participa de eventos e degustações para se atualizar. E isso ajudou no crescimento da loja, já que de acordo com ele, a venda casada é o carro chefe da loja: “Quem vem buscar um queijo, um bacalhau, já acaba harmonizando a bebida. Tanto a alimentação quanto a parte de bebidas correspondem a 50% cada”. É até comum observar os clientes pedindo ajuda para Marcelo quando querem harmonizar o vinho e ele muito disposto, parecendo ter a resposta certa para os questionamentos.

E isso se reflete no atendimento dos funcionários também. “Nossos funcionários estão aqui para atender, não para te encher. Porque eles vêem como fazemos e fazem igual. Nossas casas tem uma sintonia”, explica, ao mesmo tempo em que agradece a recente colaboração da irmã, que, segundo ele, veio contribuir na parte social da empresa e somar trabalho, com energia nova, gás novo.

Acausa Wine

Marcelo participou esse ano pela terceira vez seguida do evento Acausa Wine, feira de vinho que tem toda a renda destinada a Associação Comunitária de Auxílio Santista ao Portador do HIV/Aids (ACAUSA). “Gastamos só em vinho 40 mil e Acausa teve uma renda de 28 mil de renda 100% em uma noite nesse ano. Participamos com 122 rótulos, cada rótulo em média de 4 garrafas”, conta. “A parte social quando é implantada no marketing é muito positiva. Além de você fazer o bem, que já é bom por si só, as pessoas te respeitam porque sabem que você não vê só o lado comercial e financeiro da coisa. E você trabalha as ações que favorecem a sociedade como um todo. E isso pra mim é um ponto que me deixa muito gratificado” afirma.

Futuro

Sobre projetos futuros, Marcelo prevê a criação de um salão para a área de eventos dentro do Laticínio Marcelo. “A gente já criou um espaço para a área de eventos, voltada para 30 pessoas em média. Meu cliente quer esse amparo na área de serviço. Deve estar finalizado não sei se para esse ano ou para o próximo”.

Já quando o assunto é a sucessão familiar, Marcelo diz criar esperança de que os filhos dêem continuidade em seu trabalho. “A gente sempre espera que alguém possa continuar. Mas eu sou realista. O mundo hoje volta muito… quantos impérios se criam e se derrubam? Eu acho que se eles quiserem continuar, eu vou deixando meu legado para eles” explica e se emociona ao falar do modo como os filhos o reconhecem como pai: “Eles olham, me vêem trabalhar e me reconhecem muito como pai e isso me emociona demais. Querer passar o bastão é muito difícil, porque não adianta querer forçar a pessoa”, analisa.

Se os filhos quiserem assumir, Marcelo sabe a tática certa para que eles se interessem pela loja: apostar nos filhos da mesma forma que Manuel e Deolinda apostaram nele. “Não vou tratá-los como empregados, como pessoas comuns. Meus pais quando me convidaram para trabalhar, me convidaram como sócios e não como empregados, porque isso desvaloriza muito o trabalho da pessoa. Se eu tive a possibilidade de ganhar dinheiro, é porque meus pais acreditaram em mim. Repartindo parte do lucro deles comigo fez com que eu crescesse e me interessasse na engrenagem. Porque se você trabalhar que nem um dono e receber salário de funcionário você acaba sendo desacreditado, você perde o estímulo, o interesse. Minha mãe me ensinou também a investir meu dinheiro. Ela me mostrava onde investir, investia junto comigo. Então não assustava quando eu ganhava meu salário, minha partilha social. O grande mérito disso tudo foi a visão dos meus pais quando acreditaram no nosso trabalho em família”, finaliza.

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