Comportamento

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Tutuzinho

Por Clara Monforte 15/08/2014

IMG_9517Foi exatamente com esse nome que ele foi batizado, no dia em que chegou à casa de minha amiga Débora que, para falar a verdade, foi quem pediu para transformar o fato, em crônica. Dona Helena, sua mãe, queria muito um canarinho, afinal, o outro, que a acompanhou durante anos, e que pegava alpiste direto dos lábios de sua fiel parceira… morreu. Pois bem. O lindo Tutuzinho, com viçosas penas amarelinhas, desde o primeiro instante, pulava e piava feliz nos finos poleirinhos de sua charmosa gaiola, escolhida a dedo para presentear a bondosa senhora. Até aí, tudo normal, mas, surgiu o inesperado.

Dona Helena tem, também, uma cachorrinha, cujo nome é Sabida, só que, o que tem de linda, tem de mimada e ciumenta. Não aceitou de jeito nenhum a presença de Tutuzinho na casa… Passou 15 dias latindo desesperadamente, em pé, com as duas patinhas dianteiras encostadas na parede, embaixo da gaiola do pássaro, que saltava e continuava piando, como se quisesse conversar com Sabida… mas, ela não lhe dava a menor bola. Ao contrário, a cada dia ficava mais irada! Nem bem acordava, saia em desabalada carreira para ir à varanda, implicar com ele… pobrezinho, tão frágil.

Esse temperamento de Sabida só poderia ter dado no que deu… Depois de dois dias consecutivos sem comer, começou a regurgitar, num típico sintoma de nervosismo, porque na verdade, não tinha nada a expelir, não comera nada. Até que, piorando, em meio à salivação, Dona Helena percebeu pequenos sinais de sangue. O caminho foi seguir para o veterinário… Quatro injeções, duas de cada lado de seu “lombinho” e, uma semana tomando antibiótico. O diagnóstico? Princípio de gastrite nervosa! Do chamego que a cadelinha exigiu de sua preocupada proprietária, dias e dias, nem se fale!

Canarios-728x423Sem condições de manter os dois bichinhos no mesmo espaço”, disse o médico. O que fazer? Dona Helena também ama a sua companheira que, de pequeno porte como é, a acompanha até para dormir. Ao mesmo tempo, outra
alegria para ela, é ouvir os pios do pássaro que se acostumou a acompanhar, simulando breves assobios. O que fazer? Como Dona Helena, ao lado de seu apartamento tem outro, perfeitamente arrumado para receber a família de Débora, sua filha que mora em São Paulo e, aos finais de semana vem vêla, resolveu lá colocar Tutuzinho, dando-lhe
um novo lar com carinho e aconchego e, o que é melhor, a seu lado. Três a quatro vezes ao dia, vai vê-lo, claro que escondida de Sabida, e com o máximo cuidado para ela não ver e se aborrecer… Parece brincadeira, mas creiam, é a pura verdade.

Agora, é claro que uma coisa leva a outra. Para que Tutuzinho não se sentisse só, comprou um CD – Canário do Reino – entendendo que o canto de outro pássaro, o faria sentir-se acompanhado, alegre e, como sempre, piando bastante. Aliás, foi assim que a orientaram.

Os dias foram passando, até que quase dois meses após, nada de Tutuzinho cantar… Piava saltitante, mas, o canto que Dona Helena objetivava ouvir, nada! Será que Sabida assustou o bichinho? Nem pensar!

Não lhe foi difícil concluir… Tutuzinho é uma “passarinha”, logo, não canta! Sinceramente, quando Débora me contou, pensei: “o que comentar?”. Depois de tantas coisas que aprendemos com o mundo animal… Nada. Sem comentários… Segue aqui, Débora, a crônica que você pediu, hilária, uma verdadeira epopéia doméstica!

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