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Alexandre Pires: “Sucesso é permanecer”

Por 09/11/2012

O proprietário da Wise Up na região trilhou um caminho de sucesso, pois permaneceu fiel ao que acreditava. No placar da vida, passou da desvantagem à vantagem batalhando ponto a ponto. Confira a emocionante história de vida de Alexandre Dias Pires.

por: Guilherme Zanette
fotos: Cristiano Domingues

Não é a toa que Alexandre Dias Pires, proprietário de três escolas de idiomas Wise Up e quatro You Move da região, pratica tênis e adora jogar xadrez. A estratégia, a inteligência e, principalmente, a competitividade definem tanto o esporte quanto a atividade. E sendo o empresário completamente competitivo e cheio de estratégias, fica mais fácil entender a trajetória de sucesso que levou esse ambicioso homem de vendas partir do cargo de gerente comercial de uma escola de idiomas para o status de empresário, com sete franquias do Ometz Group, holding da qual a Wise Up está inserida.

Alexandre Pires moveu muito bem suas peças dentro do tabuleiro da Wise Up. Mas antes de iniciar na rede, ele passou por diversos ramos. “Eu comecei a trabalhar quando tinha 15 anos, em uma lanchonete chamada Sumatra ali no Gonzaga. Fui caixa, chapeiro, um monte de coisa. Depois vendi filtros de porta em porta, fui corretor de telefone até que eu atendi um anúncio de jornal para vender curso de inglês”, conta. Essa escola ainda não era a Wise Up, mas foi nela que Alexandre conheceu sua mulher, Elizabeth Pires. “Ela participou do processo seletivo que eu dei para selecionar trainees comerciais dentro do negócio do inglês. Eu costumo dizer que eu tive que botar um anúncio no jornal para achar minha mulher”, lembra, rindo. Hoje, ela é seu braço direito e responsável por tudo que acontece com o aluno depois que ele é matriculado nas escolas. “Ela é a low profile da dupla, não gosta de aparecer.”

Apesar da união proporcionada pela empresa, Alexandre explica que essa escola tinha uma estratégia comercial muito interessante, mas um curso que não acompanhava o nível da proposta. “E quando você trabalha em uma área comercial nem sempre você percebe isso”, diz. Quando se deu conta, tentou sair, mas enfrentou algumas dificuldades, como o falecimento do pai e o nascimento da primeira filha. Teve de esperar um pouco, até que surgiu uma oportunidade na Wise Up. “Eu conheci o presidente da rede, o Flávio Augusto, e ele me deu uma intimada para ver se eu estava realmente a fim de trabalhar mesmo. Ele me disse que tinha uma vaga de gerente comercial em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. E eu fui.” Ficou seis meses lá e, por competência, foi transferido para uma das duas unidades de São Paulo capital na época (a da Avenida Paulista), antes do verão quase infernal da cidade do centro-oeste. “O presidente me fez a proposta de ir para a Paulista e, dependendo da minha performance, ele abriria uma escola em Santos para eu gerenciar”, conta.

Mas o improvável aconteceu e Alexandre se apaixonou por São Paulo, fixando residência lá. “Fiquei três anos lá e por pouco não abri uma franquia em Santana.” Na época, estava começando o boom de franquias em São Paulo e em uma conversa com o presidente surgiu uma possibilidade interessante de ir para o norte da capital, na região de Santana. Mas não foi dessa vez que ele conseguiu abrir sua franquia e ele ficou bravo. “Com isso, aprendi que a gente deve tomar decisões de grande porte em nossa vida quando está tudo dando muito certo. Se deu alguma coisa errada, você tem que refletir porque está dando algo errado aqui”, opina, e completa: “Às vezes a gente recebe um sinal ou outro e não percebe. Forçar uma situação é quase certeza de que alguma coisa vai dar errado. E naquela época, estava forçando porque desde que conheci o mercado de idiomas, quis ter uma escola de língua inglesa”.

Essa foi uma fase difícil na vida de Alexandre. Lidar com a frustração de estar tão perto do sonho, quase um checkmate (como se diz no xadrez) ou um match point (como se diz no tênis), e não conseguir aproveitar foi complicado, de acordo com o empresário. “Na verdade, o que estava sendo dito para mim é que eu precisava ter calma, que não era ali. A gente não consegue prever isso”. Na época, a difícil missão de convencê-lo de que “não era o momento” foi do presidente do grupo, o Flávio. “E para me fazer aceitar isso? Sou um cara que dificilmente aceita o ‘não’ como resposta. Na época, não tinha nenhuma maturidade. Isso aconteceu em 2001, eu tinha 30 anos. E acredito nisto: o sujeito que quer ser diferente na sociedade, que não quer ter de fato uma vida mediana, precisa se acertar até mais ou menos 30 anos de idade, ter um trilho até essa idade. Daí para frente não é que ele não consiga, mas é muito mais difícil.” E mais uma vez, Alexandre teve paciência para jogar o jogo um pouco mais.

E ainda em 2001, um ano profícuo e de muita transformação na vida de Alexandre, o empresário foi convidado a trabalhar no Rio de Janeiro diretamente com o presidente da empresa. “Fui almoçar com o Flávio e nunca me esqueço. Ele perguntou: ‘E aí, confia em mim?’ Eu respondi que sim. ‘Então você vai vir para o Rio’. E eu fui. Sem nem saber qual era o projeto. Porque eu sabia que a liderança do Flávio era uma coisa muito clara.” Isso foi em setembro. Em novembro, mais precisamente no dia 2, Alexandre estava em uma convenção no Hotel do Frade, em Angra dos Reis, quando uma das gerentes da Wise Up o avisou que o presidente queria falar com ele. “O Flávio perguntou: ‘Você quer comprar Santos? Eu sei que você não tem dinheiro para comprar, eu estou perguntando se você quer comprar’. Eu disse que sim. Então, ele me mandou ir dormir, porque a filial já era minha e ele só ia ver um jeito de viabilizar”, recorda.

E, de fato, o presidente conseguiu uma jogada de mestre: em seis meses no mercado, a filial de Santos estava com uma série de dificuldades por falta de uma gerência comercial forte. O ex-proprietário morava em São Paulo e descia todos os dias para a cidade. “Como a coisa não andava, ele disse para o Flávio que queria vender. O Flávio respondeu que tinha um comprador que era louco para ter uma escola, mas só não tinha dinheiro. ‘Como assim: compra e não tem dinheiro?’, o dono questionou na época. E o Flávio conseguiu convencê-lo de que ele não venderia tão fácil uma escola que estava dando prejuízo e que era melhor ele facilitar vendendo para mim. O presidente ainda o ajudou a abrir uma escola em Moema, porque na época tinha poucas escolas em São Paulo e o ex-proprietário da Wise Up Santos continuou com as escolas da rede”. Hoje, o ex-dono da franquia de Santos tem 18 escolas. O presidente soube mexer as peças e “foi bom para todo mundo”, segundo Alexandre.

Tem até uma história interessante envolvida no esquema. “Quando eu estava na outra escola, formei um gerente comercial e no primeiro processo seletivo que ele deu para começar a montar uma equipe, contratou uma moça. Essa moça ligou para um empresário e o matriculou. Ele não concluiu o curso, mas achou a idéia para matricular, a estratégia, que até hoje a gente usa, inteligente. Alguns anos depois, ele pensou em ter uma escola de inglês. Montou com uma marca, mudou para Wise Up, conversou com o Flávio e vendeu para mim. Ou seja, eu treinei um gerente, que contratou uma consultora, que matriculou um empresário, que veio a ser o dono da franquia em Santos e depois vendeu para mim”, esquematiza. Longe de considerar isso algum artifício do destino ou algo sobrenatural, ele explica: “Em minha opinião, sucesso é permanecer. Eu poderia ter desviado do foco, saído, ter buscado outro negócio e eu jamais teria a oportunidade de colher aquilo que eu brotei. As pessoas desistem muito fácil e rápido das coisas que começam. Eu persisti enfrentando um monte de situações”, afirma.

E as dificuldades não pararam quando ele assumiu o controle da escola. De acordo com o empresário, os dois primeiros anos foram muito difíceis e ele precisou fazer ‘peripécias’ para pagar décimo terceiro. “Eu cheguei a andar a pé, perder meu carro. Passei por algumas situações complicadas no começo, mas a crença de que o negócio ia virar era muito grande. Apenas em 2003, eu comecei a estabilizar as coisas. A partir de 2004, eu comecei a engrenar e a escola começou a ganhar um novo corpo. Adquiri a sede ao lado e expandi a unidade, que na época era em outro número aqui mesmo Tolentino [Filgueiras, rua onde se encontra a Wise Up do Gonzaga]. Em 2005, a escola começou realmente a dar lucro e prosperar.”

Com o equilíbrio financeiro, o empresário nem pensava ainda em expandir. Porém, uma situação próxima do perigo fez com que Alexandre revisse alguns de seus conceitos. “Em 2007, aconteceu um fato marcante. Por 20 minutos, eu não peguei o avião que se espatifou na garagem da TAM no dia 17 de julho de 2007. Por um engano, minha secretária me botou em um vôo com escala para Curitiba. Quando escolhi, eu não vi que tinha escala. Se tivesse visto, pegaria o vôo posterior, que era o da TAM. Isso mexeu comigo”. Ele conta que a proximidade de uma situação fatal o fez repensar todos os projetos, objetivos e tudo aquilo que queria fazer. “Aí no final de 2007, tinha resolvido que ia começar a brincar para valer nesse negócio de expandir”. E ele começou a jogar o jogo da expansão e comprou outra marca do grupo Ometz em Santos, na Ponta da Praia. “Mudei meu carro, fiz uma ampliação top nessa unidade em 2008. Para se ter uma noção, eu trouxe o presidente da empresa aqui e raramente ele vem para uma inauguração de escola”.

A partir de 2009, Alexandre abriu duas You Move: uma no Gonzaga e uma em São Vicente. “Em 2011, abdiquei do projeto de abrir várias You Move para abrir a Wise Up na Ponta da Praia”. No mesmo ano, abriu em São Vicente. E por que abriu em São Vicente? “Quando abri a unidade da Ponta da Praia, o presidente me concedeu mídia 100% em uma rede de televisão. Ele pagava a mídia por eu ter aberto e ter prometido abrir uma terceira. Ia abrir uma terceira no Orquidário. E como eu tinha mídia de graça, dois investidores queriam abrir em São Vicente”, conta. “Depois que eu roí o osso todo? Não! Então em vez da unidade do Orquidário, abri em São Vicente. E a do Orquidário vai ser a futura franquia em Praia Grande, que nós temos pretensão de abrir ano que vem. A You Move abriu mais duas em 2012: uma na Ponta da Praia e uma na Praia Grande”.

No total, as sete escolas somam 70 colaboradores e 1.500 alunos. Um número vigoroso, mas Alexandre quer mais: “Eu nem prevejo que as coisas estão resolvidas. Eu acredito que você não pode sentar em cima do sucesso nunca.”

Não obstante, ele encara todos esses desafios de forma muito natural. De acordo com ele, estar à frente dessas escolas, pensar em expandir, tudo isso faz parte da missão que escolheu para sua vida. “Gosto de dizer que a mãe ou o pai de todos os sentimentos é a gratidão. Como consigo mensurar a gratidão que tenho pelo Flávio de me inserir num mundo de franquias como ele inseriu? Como ser grato a ele por isso? Já perguntei e ele me responde: ‘faz o mesmo para o outro’. E cada vez que abro uma escola, crio a oportunidade de um professor se tornar um coordenador; a oportunidade de um operacional se tornar um gerente operacional; de um comercial se tornar um gerente comercial. Ao fazer isso, eu estou continuando o trabalho do Flávio, de investir em pessoas. E eu acho que isso é o grande segredo”, esclarece. “Às vezes, abrir uma escola é um risco, você sofre um prejuízo no começo, mas a satisfação de dar a oportunidade de uma pessoa acreditar que ela pode crescer é algo muito gratificante”. Para orientar cada coordenador das sete escolas, foi criada uma figura que é o coordenador de ensino célula. “Esse cara não existiria se eu não tivesse feito esse projeto. E é a segunda pessoa na vaga, porque a primeira que formamos foi chamada pela matriz do Ometz Group. Foi professor nosso e hoje é um dos coordenadores regionais do estado”. O investimento em pessoas é, de fato, o foco da rede.

Líder
“Acredito em liderança por exemplo. De eu mostrar como faz se a pessoa não está conseguindo. E vou e faço”, comenta. Segundo ele, o diferencial da Wise Up é em cada unidade, todos refletem a característica de Flávio de investir em pessoas. “O maior patrimônio de uma empresa são as pessoas.” Alexandre revela com louvor que um de seus modelos de liderança é o presidente do grupo. “Ele para mim é um líder pleno: exemplo como pai, profissional e amigo. Ele acredita que não é só ele que tem que ganhar. E para você ter várias empresas, escolas, você precisa de pessoas que estejam junto com você para tocar esse barco.”

É por essas e outras que o empresário santista se vê tão ligado a Wise Up. “É muito difícil desassociar. Temos muita coisa em comum. Eu me apaixonei desde que conheci os princípios que a Wise Up tem de que qualquer pessoa pode ter sucesso, de que não existe nada sem trabalho, sem persistência e de que, na opinião da Wise Up, visão é maior que poder. Não adianta o cara ter poder se ele não enxerga”. Esses são os princípios que aprendeu com a escola e que, hoje, fazem parte de sua filosofia. Mas o que mais tem em comum com a marca está na própria expressão: “Se a gente for traduzir Wise Up de uma maneira livre, ela seria algo como ‘Se liga!’, ‘Acorda!’ ou ‘Time to study English!’ É meio como uma palavra imperativa, e eu gosto muito disso. E acho que isso tem a ver comigo”, explica. E tem mesmo. Perguntei ao empresário se ele se considera uma pessoa realizada. “A realização tem vários campos. Como pai e esposo, estou realizado. Profissionalmente, me sinto realizado, mas não conformado. É um pouco diferente. Consegui construir algumas coisas, mas tem tanta para fazer ainda. Não tenho nada contra quem tem uma unidade no grupo e está satisfeito com isso e acabou. Mas quero mais.”

Para ilustrar, ele fala de uma passagem interessante: “Sou tenista amador. Gosto muito de jogar tênis. Uma vez, peguei meu professor e falei: ‘eu te pago para você me cobrar, cara. Se os caras não querem que você fique na orelha deles, problema deles. Eu estou sacando errado e você não falou nada’. Porque eu pago para me divertir, mas sou competitivo. Como vou errar e o professor não vai chamar atenção? Hoje, tenho um saque chato de canhoto, e por quê? Porque o professor passou a me cobrar”.

Apesar da vida corrida, a ponto de viver intensamente 52 semanas por ano (já que as projeções comerciais são feitas semanalmente e não mensalmente), ele administra bem seu tempo para aproveitar a vida. “Curto música, adoro rock and roll. Tive o privilégio de ir a diversos shows de rock. Gosto muito de viajar, conhecer lugares. Gosto de jogar tênis, xadrez. São coisas que eu gosto de fazer.”

E será que sobra tempo para tudo isso? “Eu acho que tempo é uma questão de qualidade de tempo. Uma pessoa pode estar com seu filho e estar vendo novela, não dar atenção a ele e sim a novela. E depois diz que não tem tempo. Eu não assisto novelas. O tempo que eu tenho tem que ser de qualidade. O momento que estou com meu filhos tem que ser uma coisa que eles não esqueçam, tem que ser uma aventura para eles.”

E ele administra bem essas aventuras. Aliás, a Wise Up só é uma das partes do sucesso da vida bem administrada por Alexandre. Jogando atrás no placar durante muitos anos, dessa vez ele tem a vantagem. Checkmate.

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