Existe hora certa para falar de sexo com os filhos?

Por 06/03/2013

Falar ou não falar. Eis a questão. Se desejamos falar: a que momento devemos fazer isso? Mas não pense que essa dúvida, falar sobre sexo abertamente com seus filhos, é só sua. Seu filho também pode tê-la. Afinal, sexo ainda é um assunto tabu na sociedade. E embora essa não seja uma tarefa fácil, as barreiras devem ser eliminadas aos poucos, porque isso enriquece o ambiente familiar como um todo.

Para tentar minimizar esse problema que coloca pais e filhos em dois extremos diferentes conversamos com a psicóloga, educadora sexual e jornalista Laura Muller, durante a oitava edição do CEO’s Family, que aconteceu no Sofitel Jequitimar. Aliás, no evento, ela palestrou sobre o tema.

Antes de tudo, precisamos entender um pouco mais da sexualidade. Criança tem sexualidade, mas não faz sexo. “Somente com 12 anos, o adolescente começa a formar a consciência a respeito do tema. Antes disso, ele não sabe significar o sexo”, diz Laura Muller. E apesar disso, os adolescentes estão iniciando sua vida sexual cada vez mais cedo.

Segundo a psicóloga, a iniciação sexual se dá entre os 15 e 17 anos, no geral. (Os meninos perdem a virgindade mais cedo, geralmente entre os 15 e 16 anos, e as meninas entre os 16 e 17). Evidentemente, isso não é uma regra e existem vários casos de crianças de 12 anos que já tiveram a primeira relação sexual.

Por isso, é importante conversar com os filhos para que eles entendam a hora certa de transar pela primeira vez. E existe essa hora certa para transar? De acordo com Laura Muller, o adolescente deve se sentir maduro para isso. E ser maduro não é fazer quando todos estão fazendo e só porque todos fazem; é ter vontade e cabeça para saber o que está fazendo.

Vamos entender melhor isso. Por volta dos 11 ou 12 anos, os adolescentes recebem os primeiros empurrões hormonais. Nas meninas, esse empurrão é a menstruação. Nos meninos, é a primeira ejaculação espontânea. Esses empurrões hormonais fazem com que os seios e o pênis cresçam (e eles crescem até os 18 anos). “A partir do empurrão hormonal, tudo muda, porque mexe na cabeça e no corpo. Isso gera dor, gera dúvida. Há um afastamento natural dos pais, porque é uma passagem complicada, mas é também bastante prazerosa, porque estimula muito a imaginação.”

Nessa idade de descobertas, os mais extrovertidos questionam, fazem perguntas, dão opiniões. “É interessante também que os pais estejam abertos ao diálogo. Se o filho perguntar, eles podem responder: ‘Vamos descobrir juntos, vamos pesquisar’. Isso é muito rico para a família como um todo. Os pais são um porto seguro, são modelos para os filhos”, argumenta. Mas existem crianças que perguntam desde muito cedo. “Existem respostas condizentes com a idade das crianças. Uma criança de três anos vai merecer uma resposta diferente de um adolescente. Para uma criança de três anos podemos falar: ‘sexo é uma coisa que você só vai fazer quando for grande que nem a mamãe. E ninguém pode tocar seu corpo antes de você ser adulto’. É legal educar dessa forma, alertando também para os riscos da pedofilia”.

Já outras crianças são mais tímidas. Essas os pais devem ter um cuidado maior e procurar quebrar o gelo quando se sentirem confortáveis, sempre pontuando a importância de se fazer sexo com camisinha. “Sexo é intimidade, envolve privacidade. Temos que ficar atentos, nos respeitar”, finaliza a psicóloga.