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A vez dos homens no bisturi

Por 12/11/2012

Depilação a laser, spa, cremes, massagem, drenagem linfática e cirurgias plásticas. Assuntos femininos? Não. Os homens estão cada vez mais virando adeptos desses procedimentos.

São vários os motivos e, talvez, o maior deles seja o de manter uma aparência mais clean a fim de ficar bem consigo mesmo e conquistar os olhares feminimos. Para entender um pouco melhor sobre isso, procuramos o Dr. Ewaldo Bolívar, um dos médicos mais respeitados na área de cirurgia plástica, com 50 anos de experiência. O cirurgião explica a mudança de comportamento dos homens e fala sobre a importância da orientação do médico, que deve sempre pensar em trazer benefício ao paciente.

Public LifeStyle — Como você vê o atual padrão estético? Houve uma banalização ou popularização da plástica?
Dr. Ewaldo Bolívar — Antigamente, existia o machismo. Isso hoje em dia acabou. A pessoa tem direito de ser feliz. Então, ela vem procurar a cirurgia plástica, que não é uma cirurgia estética: é uma cirurgia de integração social. Imagine que você vá a uma balada e fica o tempo todo virado para um lado, porque sabe que se virar para o outro seu nariz fica feio, sua orelha aparece… Então não é algo feito para você, é feito para a comunidade, para você viver bem na comunidade. Mudou muito o que era antigamente para o que é agora. Não é que seja vaidade, é muito mais para evitar agressões que te incomodam. A pessoa quer mudar, e como tem essa condição, vale a pena.

Você acha que o médico deve também dar orientação caso a cirurgia seja desnecessária?
Cabe ao médico orientar. Por exemplo, hoje as pessoas nos procuram e já chegam falando “eu quero fazer isso e mais isso e mais isso”. Vamos supor: eu quero fazer plástica de barriga, lipoaspiração nas costas e nariz. Se você puder fazer só barriga e nariz, você vai ficar deitado em cima de umas costas boas. Cabe ao médico sempre colocar em mente as seguintes questões: eu vou trazer benefício? Vai valer a pena? Hoje em dia, o computador orienta muito bem. A gente tem um programa que faz, por exemplo, o contorno corporal e o paciente fica sabendo como era e como vai ficar.

Mas o médico sempre orientando…
Vou te contar uma história engraçada. Há uns 15 anos, chegou uma moça aqui no meu consultório. Ela tinha o rostinho redondo com o nariz assim… bem de papagaio. “Doutor, eu quero um nariz igual o da Vera Fisher”. Coloquei no computador, mostrei para ela e perguntei se ela gostou. Ela respondeu: “Gostei, mas acontece que não igual o da Vera Fisher”. Então eu falei: “bom, você vai ter que nascer de novo… ter o rosto quadrado em vez de redondo.” Cabe ao médico orientar e não colocar nunca o interesse dele e, sim, o interesse do paciente em questão.

Em seus 51 anos de carreira, como você vê essa mudança de paradigma com relação ao corpo? Hoje os homens estão mais abertos a esse tipo de procedimento cirúrgico?
Houve uma evolução, primeiramente, na melhoria dos aparelhos médicos. A segunda evolução foi com relação à abertura das pessoas aos procedimentos cirúrgicos. Porque a cirurgia é, na verdade, sempre um reencontro com alguma expectativa e ela proporciona esse reencontro. Aquele negócio de você estar em algum lugar e alguém achar algum defeito seu e falar, isso é chato. Por exemplo, uma coisa que os homens fazem muito hoje em dia é a cirurgia de Ginecomastia, que é o aumento da glândula do peito do homem. Com a gordura, fica aquele peitinho de adolescente. Então, hoje em dia você consegue esvaziar aquilo e não fica cicatriz nenhuma.

Qual a faixa etária dos homens que mais fazem cirurgias?
Não tem uma faixa etária. Adolescente, só se ele tiver um complexo mesmo. A faixa que você pode fazer cirurgia é depois da adolescência, a não ser orelha de abano que você pode fazer até com 6 anos de idade. Porque segundo a estatística médica americana do século passado, os prisioneiros mais ferozes, agressivos, da prisão eram os que tinham orelhas de abano, justamente porque receberam agressões desde criança.

Quando a pessoa começa a pensar em cirurgia plástica?
Não tem tempo. Tem o momento em que você quer se reencontrar. Quando você está brigando com o espelho, aí é o tempo. Por isso que a consulta é uma consulta aberta e você pode voltar aqui quantas vezes quiser em um ano, porque precisamos conversar melhor sobre isso para ver se vai te trazer benefício. Deve existir esse relacionamento.

É quase o trabalho de um psicólogo…
É claro. E eu fiz 22 anos de análise.

Você já clinicou em hospitais para fazer reconstrução?
Em vários. Eu 1967, eu era professor da Universidade Federal Fluminense e eu fui representar o Brasil, na Suécia, para falar sobre cirurgia reconstrutora. A cirurgia reconstrutora é diferente. Mas você não pode fazê-la sem entender de estética. E você não pode fazer a estética bem feita se você não entender a reconstrutora, porque a cirurgia plástica é estética e reconstrutora.

O que são métodos invasivos e métodos não invasivos?
Não invasivos hoje têm muitos. São preenchimentos, botox, laser. E invasivo é a cirurgia em si.

Mas os não invasivos funcionam?
Funcionam quando tem diagnóstico para isso. Você quando vai injetar um botox tem que conhecer profundamente a musculatura da face, porque é lá que ele age.

A sua filha também é cirurgiã. Você imagina que, no futuro, ela vai administrar o seu consultório?
Não. Tem uma coisa interessante. A gente é completamente independente. Ela tem a vida dela, eu tenho a minha vida. É claro, quando tem necessidade, um ajuda o outro. Ela é sempre minha primeira assistente. Por exemplo, eu quando aprendi cirurgia plástica os pontos eram dados separados. Depois veio a sutura entreaberta. Eu nunca fui bem nisso, mas os mais jovens são bons, ela é melhor que eu, ela faz isso tudo…

Quais as áreas do corpo dos homens que eles mais querem mudar por meio de cirurgias?
Nariz, orelha, ginecomastia (mamas) e depois lipo de contorno.

Dizem que o pós operatório da lipo dói muito…
Nada. A gente tem um aparelho de ultrassom que emulsifica a gordura e a pessoa não sente dor. Eu escrevi um livro em que eu mudo a maneira de se fazer lipoaspiração. Em vez de fazer aleatoriamente, desenho os músculos e vou seguindo. Chama-se lipomioescultura.

E a recuperação dele é muito melhor?
Muito melhor e mais rápida. Tem gente que opera na sexta e trabalha na segunda. E sem dor. Desenvolvi essa técnica em minha tese de Doutorado, baseada no colágeno que tem debaixo da parte superior da gordura. Fiz um estudo, um mapeamento do colágeno que existe e descobri que quanto menos você destrói o colágeno e tira gordura, mais retração você tem e mais tranquilo é.

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